Confesso que me sinto como alguém que
“pegou o bonde andando” na recente reação raivosa da ultra-direita
contra Antonio Gramsci. Em minha época de graduação, as referências eram para
pensadores brasileiros tradicionais (Sérgio Buarque, Caio Prado, G. Freyre),
talvez na intenção de marcar a importância do trabalho intelectual no Brasil
diante das correntes de pensamento estrangeiras. Existiam também as referências
a autores franceses mais contemporâneos. Numa escola historiadora, os Annales
são presença constante, além dos inúmeros livros, entrevistas, artigos,
prefácios e tudo o mais, de Michel Foucault. Assim, Gramsci aparecia (pelo
menos para mim como jovem estudante) como algo deslocado. Um duplo
deslocamento: temporal, frente a nova e abundante produção intelectual
brasileira em estreita relação com os chamados clássicos nacionais, e
conceitual, i. e., deslocado em relação aos “avanços” do
estruturalismo e das correntes intelectuais que apareceram depois, em especial
na Europa.
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